Burnout e Boreout afetam trabalhadores

Burnout e Boreout afetam trabalhadores

Burnout e boreout

Volume 26 Nº 2 (2023) REGEM jul 2023

ISSN 2763-8022 (International Standard Serial Number)

por Saulo Carvalho, MSc.
*direitos reservados ©. Texto com liberdade de citação: CARVALHO, S. 

Sobre o autor: Mestrado em Gestão e Planejamento | Especialização em Comunicação Empresarial e Marketing. Atuações e consultorias em Gestão e Marketing no Brasil e América Latina.
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Burnout e Boreout

Síndromes que afetam os trabalhadores modernos

BURNOUT

No frenético ambiente competitivo, trabalhadores são confrontados com um conjunto de desafios que podem levar ao surgimento de várias síndromes relacionadas ao trabalho. Uma das mais conhecidas e debatidas é o burnout. O burnout é uma condição caracterizada por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. No entanto, além do burnout, outras síndromes têm afetado os trabalhadores modernos, causando impactos significativos em sua saúde física e mental.

O burnout, em particular, é comumente observado em profissões que envolvem altos níveis de estresse, como a área da saúde, ensino, serviços de emergência, tecnologia e setores corporativos intensos.

Um exemplo é o trabalho dos profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros, que enfrentam longas jornadas de trabalho, carga emocional intensa e pressão por resultados. A constante exposição a situações traumáticas, aliada a uma demanda crescente por produtividade, pode levar ao esgotamento físico e mental, afetando o bem-estar dos profissionais e a qualidade do atendimento oferecido.

Outro exemplo: um administrador de sistemas pode lidar diariamente com situações de alto estresse, como interrupções de serviços críticos, o que pode levar ao cansaço crônico e à diminuição do bem-estar geral.

É sabido que o burnout está associado a altos níveis de exigência psicológica, baixos níveis de liberdade de decisão, baixos níveis de apoio social no trabalho e estresse devido a trabalho inadequado e sugere-se que, indivíduos jovens com burnout, têm maior porcentagem de depressão leve do que ausência de depressão  (Iacovides et al., 2003 apud Telma; Chei; Jaime, 2006).

Burnout e boreout

Setor de tecnologia:

No setor de tecnologia, onde a inovação e a alta demanda são constantes, os profissionais enfrentam desafios únicos que podem levar ao surgimento de diversas síndromes relacionadas ao trabalho. Essas síndromes refletem o ambiente de trabalho acelerado, as expectativas elevadas e a pressão para se manter atualizado em um campo em constante evolução. 

Nesse setor uma das síndromes mais prevalentes é o burnout. Os profissionais de tecnologia frequentemente enfrentam prazos apertados, metas ambiciosas e uma carga de trabalho intensa. Eles são constantemente desafiados a acompanhar as últimas tendências tecnológicas, adquirir novas habilidades e entregar resultados de alta qualidade.

O burnout pode ocorrer quando o estresse contínuo não é gerenciado adequadamente, resultando em exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Por exemplo, um desenvolvedor de software pode se sentir sobrecarregado com as demandas incessantes de projetos, levando a uma sensação de esgotamento e perda de interesse pela programação.

BOREOUT

Burnout e boreout

Diferente do burnout, o Boreout ocorre quando os trabalhadores estão submetidos a tarefas monótonas, repetitivas e desprovidas de desafios significativos. A falta de estímulo e a sensação de estagnação profissional podem levar à perda de motivação, desinteresse e uma queda acentuada na produtividade.

Como definido por Cabrera Nuriega (2007) o boreout é uma severa ausência de identificação com o trabalho.

Um funcionário preso em um trabalho burocrático onde suas habilidades e talentos não são aproveitados, o levará a desmotivação e ao desgaste psicológico.

Essa síndrome ocorre quando os trabalhadores enfrentam tarefas rotineiras e repetitivas, sem desafios significativos ou oportunidades de crescimento profissional de acordo com seu potencial. Isso pode levar à desmotivação, falta de engajamento e diminuição da satisfação no trabalho.

Aqui, um especialista em suporte técnico pode ficar preso em um ciclo de solução de problemas básicos repetitivos, sem oportunidades de trabalhar em projetos mais complexos alinhados as suas competências técnicas, o que pode levar à monotonia e ao desinteresse profissional.

É fundamental que os profissionais e as empresas do setor de tecnologia estejam atentos a essas síndromes e tomem medidas para preveni-las e abordá-las adequadamente. Isso pode incluir a promoção de um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, a implementação de programas de bem-estar, ginástica laboral, grupos internos de abordagem dos problemas, meditação, oferta de oportunidades de desenvolvimento e aprendizado contínuos e, sobretudo, o estabelecimento de uma cultura de apoio e conscientização sobre a importância da saúde mental.

SÍNDROME DE PRESENTEÍSMO

Nesse caso, os trabalhadores comparecem ao trabalho mesmo estando doentes ou em condições de saúde precárias. Isso pode ocorrer devido à pressão para cumprir prazos, medo de perder o emprego ou preocupação com a sobrecarga de trabalho.

O presenteísmo pode levar a uma queda na produtividade, aumento de erros e até mesmo agravamento da saúde física e mental. Por exemplo, um funcionário com uma doença crônica pode comparecer ao trabalho regularmente, mas seu desempenho e bem-estar serão prejudicados, impactando negativamente sua qualidade de vida.

SÍNDROME DO IMPOSTOR

Hodierno, outra síndrome que afeta os profissionais de todas as áreas é a  síndrome do impostor. Muitos trabalhadores desenvolvem sentimentos de inadequação, mesmo quando são altamente qualificados e experientes.

Esta se manifesta quando os indivíduos sentem-se incapazes de internalizar suas realizações e acreditam que são fraudes, apesar de evidências concretas de seu sucesso. Esse sentimento de inadequação pode levar à ansiedade, estresse e autossabotagem profissional.

Um exemplo claroo é um profissional altamente qualificado que questiona constantemente suas habilidades e méritos, mesmo quando recebe reconhecimento externo pelo seu trabalho excepcional.

A Síndrome do Impostor faz com que os indivíduos duvidem de suas habilidades, atribuindo seu sucesso a sorte ou a fatores externos, em vez de reconhecer suas próprias conquistas. Por outro lado a síndrome do impostor é comumente agravada, de forma intencional ou não, por gestores tóxicos, inseguros e muito centralizadores ao sempre reduzir os bons resultados dos geridos.

Um exemplo disso é um engenheiro de software talentoso que constantemente se questiona e se sente como se não pertencesse ao setor, apesar de suas habilidades, conquistas e resultados de alta performance.

POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Os profissionais devem ser encorajados a fazer pausas regulares, cuidar de sua saúde física e mental, buscar apoio quando necessário e estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal. As empresas, por sua vez, devem investir em ambientes de trabalho que promovam a colaboração, o reconhecimento e o equilíbrio, além de oferecer programas de suporte e treinamento para lidar com o estresse e prevenir o esgotamento.

As síndromes que afetam refletem os desafios e as demandas específicas de cada setor com maior ou menor intensidade, no entanto, aqui, menor intensidade nunca significará menor impacto sobre a qualidade de vida e resultados empresariais já que é muito difícil não relacionar sucesso profissional ao sucesso pessoal.

É essencial que profissionais e as empresas estejam cientes dessas e outras síndromes para que possam agir com medidas proativas para promover um ambiente de trabalho saudável, que valorize o bem-estar dos trabalhadores e permita um desempenho profissional sustentável e gratificante.

É importante destacar que as síndromes mencionadas não se limitam a um setor ou profissão específica. Elas podem ocorrer em qualquer campo de trabalho, desde cargos corporativos de alta pressão até trabalhos manuais e operacionais.

A natureza e as demandas do trabalho, combinadas com fatores individuais e organizacionais, desempenham um papel importante no desenvolvimento dessas síndromes.

As consequências do burnout, boreout, síndromes do presenteísmo e impostor e outras síndromes relacionadas, são significativas tanto para os indivíduos quanto para as organizações. Para os trabalhadores, essas condições podem levar a problemas de saúde física e mental, esgotamento emocional, queda na produtividade, insatisfação profissional e problemas nos relacionamentos pessoais.

Para as organizações, o impacto se reflete em altas taxas de rotatividade, absenteísmo, baixa produtividade, clima de trabalho negativo e custos associados à saúde e bem-estar dos funcionários.

Para combater essas síndromes e promover um ambiente de trabalho saudável, é essencial que as organizações adotem medidas proativas. Isso inclui a implementação de programas de bem-estar e suporte emocional, a promoção de uma cultura de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, o estabelecimento de políticas de gerenciamento do estresse, a criação de espaços de diálogo abertos e a valorização do autocuidado e da saúde mental dos funcionários.

Portanto, o burnout, o boreout e outras síndromes que afetam os trabalhadores modernos são um reflexo das demandas e desafios enfrentados no ambiente de trabalho e na sociedade pós-moderna.

Essas condições podem ter um impacto significativo na saúde e no bem-estar dos indivíduos, assim como nas organizações como um todo. É fundamental que sejam adotadas medidas preventivas e de apoio para garantir um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, promovendo assim o bem-estar dos trabalhadores e um ambiente de trabalho produtivo e positivo.

Sempre é fundamental buscar profissionais de saúde devidamente registrados e capacitados ao sentir quaisquer desses sintomas. Procure ajuda médica!

Citação a CARVALHO, S. 

Saulo Carvalho é Mestre em Gestão e Planejamento (UNITAU) stricto-sensu. Pós-Graduado em Comunicação e Marketing Empresarial (UMESP) lato-sensu, Graduado em Administração de Marketing (UMESP). Admitido em regime especial ao Doutorado sobre Pesquisa Operacional (ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica e Universidade Federal de São Paulo).

Consultor empresarial com atuações no Brasil e América Latina. Ministra disciplinas de Administração, Marketing, Pesquisa e Planejamento Estratégico aos cursos superiores de Administração, Marketing e Engenharia. É pesquisador sobre Gestão, Marketing e Ambiente Econômico. Desenvolve e aplica pesquisas científicas sobre Gestão e Marketing.

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Referências

CABRERA NORIEGA, Luis Eduardo. Boreout syndrome: design, reliability and preliminary validation of an instrument for measuring. Rev. Univ. Ind. Santander. Salud [online]. 2014, vol.46, n.3, pp.259-265. ISSN 0121-807. http://www.scielo.org.co/pdf/suis/v46n3/v46n3a06.pdf acessado em 02 de julho de 2023.
 
IACOVIDES, A.; Fountoulakis, K.N.; Kaprinis, S.; Kaprinis, G. – The relationship between job stress, burnout and clinical depression. J Affect Disord 75: 209-221, 2003.
 
TRIGOL, Telma Ramos; TENG, Chei Tung; HALLAK, Jaime Eduardo Cecílio. Síndrome de burnout ou estafa profissional e os transtornos psiquiátricos. (Burnout syndrome and psychiatric disorders).Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo) em https://www.scielo.br/j/rpc/a/6CTppSZ6X5ZZLY5bXPPFB7S acessado em 02 de julho de 2023.
Sobre o autor: Mestrado em Gestão e Planejamento | Especialização em Comunicação Empresarial e Marketing. Atuações e consultorias em Gestão e Marketing no Brasil e América Latina.
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Um comentário

  1. […] prática centralizadora pode também levar os colaboradores a desconfortos e recentemente ao Boreout (leia mais aqui sobre boreout) que se apresenta como uma importante síndrome de inadequação e não […]

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